Post by SealView on May 5, 2006 15:16:01 GMT -3
Diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobrás critica a cobertura da
mídia grande e avisa: 49,5% das ações da Petrobrás estão em mãos
estrangeiras
Por Bruno Zornitta - contato@fazendomedia.com
A cobertura que a grande mídia faz da nacionalização do gás na Bolívia tem
como objetivo proteger os interesses dos investidores estrangeiros (que
detêm 49,5% das ações da Petrobrás) e impedir o processo de integração
latino-americana em curso no continente. A análise é do diretor de
comunicação da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), o
engenheiro Fernando Siqueira.
Em entrevista ao Fazendo Media, Siqueira defendeu o Decreto Supremo Nº
28.701 publicado pelo presidente da Bolívia Evo Morales na última
segunda-feira (01/5), que devolveu ao Estado boliviano a propriedade dos
hidrocarbonetos (petróleo e gás natural) daquele país. O engenheiro
criticou a cobertura da grande mídia, que tratou o caso como simples
confisco por parte do governo boliviano, quando na verdade o decreto prevê
indenizações às empresas.
"A crítica dos meios de comunicação está relacionada às ações da Petrobrás
nas mãos de investidores estrangeiros", sustenta Siqueira. À época da
assinatura do contrato de importação de gás da Bolívia, a mídia não se
manifestou, pois 90% das ações da Petrobrás ainda pertenciam ao Estado
brasileiro. No governo FHC, as empresas estrangeiras que exploram o gás na
Bolívia obrigaram a Petrobrás a construir o gasoduto para o Brasil, pois
precisavam de mercado consumidor para seu produto. Como o contrato firmado
para importação do gás era do tipo take or pay (mesmo importando menos, o
preço é único), durante cinco anos o Brasil importou 18 milhões de metros
cúbicos e pagou por 25 milhões. "Foi o pior contrato da história do Brasil
em todos os setores", diz o engenheiro.
Siqueira acrescenta que o projeto de lei para transporte e estocagem de
gás natural, de autoria do senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA), é muito
mais lesivo ao interesse nacional do que a nacionalização do gás na
Bolívia. De acordo com o diretor da Aepet, esse projeto estabelece a
entrega dos dutos da Petrobrás que trazem o gás da Bolívia para a Agência
Nacional do Petróleo (ANP). Esta, por sua vez, entregaria os dutos para a
Shell e a British Gas via licitações. O projeto foi aprovado nesta
quarta-feira (3/5) na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e segue
para a Comissão de Assuntos Econômicos e, depois, para a Comissão de
Infra-Estrutura. Se aprovado, vai para a Câmara, sem precisar passar pelo
plenário do Senado.
A grande mídia brasileira, na ânsia de defender os interesses dos EUA,
está prestando um desserviço à integração latino-americana. O jornal O
Globo de ontem (4/5), por exemplo, estampou três manchetes nesse sentido,
na editoria de economia: "Dupla Lula-Kirchner enfrenta Morales-Chávez",
"Casa Branca pede menos demagogia" e "'NYT' vê ressurgimento do populismo
na região". O sobretítulo das reportagens refere-se a Morales de forma
irônica, tratando-o por "muy amigo". Na página ao lado, a colunista Mirian
Leitão sustenta tese de que o Brasil está sendo tímido em sua resposta à
Bolívia, insinuando a necessidade de um confronto entre os governos. Na
terça-feira (02/5), em manchete na página 21, o jornal afirmava: "Onda
nacionalista ameaça integração regional". É importante ressaltar que toda
a cobertura de O Globo sobre a nacionalização do gás boliviano tem ocupado
a editoria de Economia, e não Internacional ou Política. Para Siqueira, a
estratégia da mídia, pautada por Washington, é clara: "Os EUA querem
dividir a América Latina. Agora querem jogar Evo contra Lula".
CLAE -- Centro Latino-americano de Estudos
Fonte: www.fazendomedia.com
mídia grande e avisa: 49,5% das ações da Petrobrás estão em mãos
estrangeiras
Por Bruno Zornitta - contato@fazendomedia.com
A cobertura que a grande mídia faz da nacionalização do gás na Bolívia tem
como objetivo proteger os interesses dos investidores estrangeiros (que
detêm 49,5% das ações da Petrobrás) e impedir o processo de integração
latino-americana em curso no continente. A análise é do diretor de
comunicação da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), o
engenheiro Fernando Siqueira.
Em entrevista ao Fazendo Media, Siqueira defendeu o Decreto Supremo Nº
28.701 publicado pelo presidente da Bolívia Evo Morales na última
segunda-feira (01/5), que devolveu ao Estado boliviano a propriedade dos
hidrocarbonetos (petróleo e gás natural) daquele país. O engenheiro
criticou a cobertura da grande mídia, que tratou o caso como simples
confisco por parte do governo boliviano, quando na verdade o decreto prevê
indenizações às empresas.
"A crítica dos meios de comunicação está relacionada às ações da Petrobrás
nas mãos de investidores estrangeiros", sustenta Siqueira. À época da
assinatura do contrato de importação de gás da Bolívia, a mídia não se
manifestou, pois 90% das ações da Petrobrás ainda pertenciam ao Estado
brasileiro. No governo FHC, as empresas estrangeiras que exploram o gás na
Bolívia obrigaram a Petrobrás a construir o gasoduto para o Brasil, pois
precisavam de mercado consumidor para seu produto. Como o contrato firmado
para importação do gás era do tipo take or pay (mesmo importando menos, o
preço é único), durante cinco anos o Brasil importou 18 milhões de metros
cúbicos e pagou por 25 milhões. "Foi o pior contrato da história do Brasil
em todos os setores", diz o engenheiro.
Siqueira acrescenta que o projeto de lei para transporte e estocagem de
gás natural, de autoria do senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA), é muito
mais lesivo ao interesse nacional do que a nacionalização do gás na
Bolívia. De acordo com o diretor da Aepet, esse projeto estabelece a
entrega dos dutos da Petrobrás que trazem o gás da Bolívia para a Agência
Nacional do Petróleo (ANP). Esta, por sua vez, entregaria os dutos para a
Shell e a British Gas via licitações. O projeto foi aprovado nesta
quarta-feira (3/5) na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e segue
para a Comissão de Assuntos Econômicos e, depois, para a Comissão de
Infra-Estrutura. Se aprovado, vai para a Câmara, sem precisar passar pelo
plenário do Senado.
A grande mídia brasileira, na ânsia de defender os interesses dos EUA,
está prestando um desserviço à integração latino-americana. O jornal O
Globo de ontem (4/5), por exemplo, estampou três manchetes nesse sentido,
na editoria de economia: "Dupla Lula-Kirchner enfrenta Morales-Chávez",
"Casa Branca pede menos demagogia" e "'NYT' vê ressurgimento do populismo
na região". O sobretítulo das reportagens refere-se a Morales de forma
irônica, tratando-o por "muy amigo". Na página ao lado, a colunista Mirian
Leitão sustenta tese de que o Brasil está sendo tímido em sua resposta à
Bolívia, insinuando a necessidade de um confronto entre os governos. Na
terça-feira (02/5), em manchete na página 21, o jornal afirmava: "Onda
nacionalista ameaça integração regional". É importante ressaltar que toda
a cobertura de O Globo sobre a nacionalização do gás boliviano tem ocupado
a editoria de Economia, e não Internacional ou Política. Para Siqueira, a
estratégia da mídia, pautada por Washington, é clara: "Os EUA querem
dividir a América Latina. Agora querem jogar Evo contra Lula".
CLAE -- Centro Latino-americano de Estudos
Fonte: www.fazendomedia.com